O medo de reconhecer os próprios erros é acima de tudo o medo de se assumir como ser humano com as suas próprias imperfeições, defeitos, fragilidades, idiotices e incoerências. Formamos a nossa personalidade numa sociedade superficial que esconde a nossa humanidade e sobrevaloriza o nosso endeusamento.
Quem brilha hoje, pode cair em desgraça amanhã, para que outro o substitua.
O pódio é cíclico, não há espaço para dois lugares.
Se pensarmos, apenas uma minoria ganha um Óscar, o Prémio Nobel, um Grammy. Uma minoria converte-se num ícone social e profissional. E ainda que nunca sejamos ícones, podemos revolucionar o ambiente em que estamos inseridos anonimamente.
Numa sociedade em que se valoriza os super-heróis, negamos conscientemente ou inconscientemente a nossa humanidade.
Temos medo de assumir o que realmente somos: seres humanos, mortais, falíveis e demasiado imperfeitos.
Errar é humano, mas eu não admito os meus erros
A energia gasta pela necessidade neurótica de sermos perfeitos é imensa e esmaga o prazer de viver.
A nossa liberdade não pode estar à venda por preço algum, mas vendemos-la por ninharias e trocamos-la com uma incrível facilidade.
Quando alguém nos aponta um erro, mudamos de cor e de humor. Quando alguém tem uma atitude estúpida, ficamos indignados. E nas relações em que o poder é desigual, a situação ainda é mais complicada. Quando um paciente corrige um psiquiatra gera um escândalo.
Nas relações desiguais, o vírus do orgulho contagia em fracções de segundo o cérebro daquele que se considera superior, levando-o a silenciar a voz do
que está numa posição inferior. Tais reacções são doentias, pois não há psiquiatra, executivo e progenitor que não falhe.
Quem usa a relação do poder para impor as suas ideias não é digno do poder de que está investido.
Há pessoas educadas que nos primeiros cinco minutos de uma conversa são agradabilíssimas e parecem seres angelicais, mas conviver com elas é um tormento. Tecem mil argumentos para sustentar as suas atitudes. Nunca reconhecem que cometem erros, nem nunca pedem desculpa.
Sugam a energia vital dos outros porque falam muito e procuram concentrar em si mesmas toda a atenção.
Muitos não sabem que falar de si próprio e reconhecer os seus erros é altamente relaxante, reconfortante e agradável. A sociedade estimula-nos a ser deuses mas tentar ser um é altamente desgastante e deprimente.
Reconhecer as nossas fragilidades, entrar em contacto de uma maneira nua e crua com a nossa realidade não constitui apenas um passo fundamental para oxigenar a inteligência ou superar os nossos conflitos, mas serve também para mergulharmos nas águas do descanso e para bebermos das fontes mais excelentes da tranquilidade.
(Texto adaptado de: O código da Inteligência by Augusto Cury)
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