maio 30, 2018

Review - "A Experiência da Escassez - O Resgate do Romantismo prático"

Em parceria com a Chiado Editora, apresento-vos o livro, "A Experiência da Escassez - O Resgate do Romantismo prático" de Alexandre Rezende.

Coleção: Viagens Filosóficas

Em primeiro lugar, agradeço à Chiado Editora a parceria com o Blog e pelo envio deste maravilhoso livro.

"Há um século e meio Marx e Engels gritavam em favor da união das classes trabalhadoras do mundo contra a sua espoliação. Agora, necessária e urgente faz-se a união e a rebelião das gentes contra a ameaça que nos atinge, a da negação de nós mesmos como seres humanos submetidos à "fereza" da ética do mercado."
Paulo Freire




Este Ensaio foi elaborado debaixo dos desdobramentos filosóficos de MIlton Santos e pela sua adesão não ortodoxa ao pensamento de Marx, sendo os pobres da América Latina a escolha de objecto de pesquisa.
O resgate do romantismo prático tem a pretenção de dialogar com o pensamento dos romanticos e dos praticos, acreditando que as duas disposições mentais são vitais para a composição da felicidade.
O autor, acredita numa sensivél tendência ao romantismo - e ao sonho - na maioria das pessoas que compoem o cenário da desigualdade social na parte mais baixa da pirâmide, a partir do desejo de acordarem do pesadelo em que se transformou o seu quotidiano. 
A consciencia da identidade social de homem pobre, somada à inquietude que as injustiças sociais causam, tanto por influencia religiosa como expressa em alguns protestos musicais por roqueiros nacionais e internacionais, despertou assim, o estudo das relações humanas.

O conceito de escassez certamente variou de acordo com as necessidades e facilidades históricas de cada periodo, e por isso pôde ser observado dentro do conjunto de fenomenos que circunvizinharam as realidades de Milton Santos, Sartre, Marx e Hegel, que afirmava: "O ser humano aprende da história que não aprende nada da história, mas aprende tudo sobre sofrimento"

Dentro da perspectiva de que a escassez é o motor da história, não dependendo, portanto, que haja uma vinculação, mental, cultural, social, histórica, particularizada, para que ela ocorra, estamos convencidos de que a ideia de sofrimento para Hegel, certamente, pode se ligar à ideia de escassez de Milton, guardadas as diferenças históricas dos periodos.
O que provavelmente poderia encadear o pensamento de homens tão distintos em suas origens? Necessariamente a preocupação, motivada por causas diferentes, mas que tinham um fim comum: a cidadania genuína.

A escassez dos nossos dias está directamente ligada aos intervalos que, voluntariamente ou não, fazemos do ato de consumir para o básico ou supérfluo. O consumo, nos dias atuais, parece um tipo de fundamentalismo religiosos que faz adeptos por todo o mundo. A sociedade de consumo elabora as suas práticas desde a gestação no ventre materno. Uma criança precisa de estudar muito, para ganhar muito dinheiro, para ser alguém na vida, porque ser alguém na vida é poder consumir cada dia mais.

Passamos séculos a evoluir na concepção de liberdade e cidadania, contudo, este brutal materialismo passa a chamar-nos de cliente, mercado consumidor, pulico-alvo, fatia mercadológica, deflagrando a tamanha facilidade com que os homens se desprendem dos seus valores humanos a uma velocidade cada vez mais insana.

A influencia liberal que sofremos com o pensamento de que se trabalharmos duro tudo se vai resolver, não é de todo aplicavél.

"Se entendermos que o egoísmo do capitalismo reduz a nossa visão do que é real, e a diferença é um feitiço que se voltará contra o feiticeiro, não somos medíocres".



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